Se a perspectiva de um golpe militar no Brasil pode parecer a mais pura ficção, mesmo ao mais atento estudioso da vida política, econômica e social deste país, não se pode dizer o mesmo quanto as perspectivas políticas, por não saberem separar as funções, capacidades, obrigações e poder de cada instituição, provocando combinações de fatos reais, constatações do dia-a-dia da vida brasileira e algumas hipóteses e preocupações não muito remotas.
Este texto expõe uma situação fictícia sobre o Exército que se transforma em milícia armada no País. Aqui o personagem principal é um prisioneiro o “3º Sgt FOpEsp. Colmam” de número 1756A/20 que fica preso por ir contra o sistema e colocar militares contra o regime, por ver o seu país transformar seu Exército em uma simples milícia e por ver a internacionalização de seu território, sem espírito combativo e sem autonomia. O texto da carta que se segue, leva-nos através de uma sombria excursão imaginaria ao futuro. Um golpe político armado por agências estrangeiras ocorreu no Brasil para acabar com o Exército, facilitando seu desmembramento e domínio – o ano é 2020.
A Carta
Prezado Velho Amigo,
Difícil acreditar que já se passaram trinta anos desde que nos formamos você na academia naval e eu na Escola de Sargentos! Lembra-se das animadas discussões, das viagens aos combates, das folgas? Aquele era um bom tempo, mesmo com tanta injustiça e guerras que não eram nossas. Eu não estou tendo tanta diversão ultimamente. Você ouviu falar nos julgamentos por sedição? É verdade, eu sou um dos presos – acusado de pronunciamentos desleais e de “uso de linguagem desdenhosa a respeito dos políticos e dos oficiais nomeados por eles. Desleal? Não. Desdenhoso? Pode apostar que sim! Com o Presidente Zé Chico no poder não é difícil ser desdenhoso.
Penso ser importante ter a verdade registrada, antes que eles reescrevam a História. Temos que entender como entramos nessa, e cheguei à seguinte conclusão:
Os norte-americanos descobriram o potencial do combatente brasileiro em 1940, quando a Segunda Guerra se expandiu. Os combatentes de brasileiros eram criativos, corajosos e engenhosos, além de resistentes e de fácil adaptação ambiental, apesar de lhes faltar tecnologia em armamento.
Em 1990, mais uma vez o combatente de brasileiro deu seu aviso em teatro de guerra, atuamos diretamente em vários conflitos de forma rápida, passando pela Bósnia, Iraq, Afeganistão e África. Vendo e percebendo a agilidades de nossos militares em campo os comandantes da coalizão resolveram agir. É amigo, eles perceberam que estes homens tinham um preparo militar e inteligência operacional confiável de alto nível e humanamente superior aos combatentes deles, mesmo eles sendo simples praças, eram de respeitar sua desenvoltura no front.
Então armaram para cima de nós, procurando cavar atos de crime de guerra e nos levar a corte internacional – só não mencionaram que eram eles que davam as ordens e que os contratos eram secretos. Os casos não chegaram ao TI (Tribunal Internacional), mas foram levados ao Tribunal Militar Americano, o julgamento é claro, também são secretos. Tudo deu certo porque eles tinham um contrato ultra-secreto com o governo de brasileiro na época. E foi na mesma época que suas agências começaram a estudar e aplicar um plano em médio prazo para dominar o Brasil política e militarmente. Afinal não seria difícil, uma vez que os políticos do Brasil eram soberbos por dinheiro e poder e a população era obrigada a aprender a língua inglesa nas escolas públicas e também era forte muitos hábitos modistas americanos, exemplo
: o Rap, o Rip-Rop, as festas reives, novelas com muitas passagens nos EUA e Europa, e a constante propaganda de que os EUA era uma maravilha! Os próprios políticos deram todos os meios para tal domínio, quando da divisão em direita e esquerda dos partidos esquentou nos anos 80, na década de 2000 apareceu a mudança de nomes de alguns partidos e se dividiram em Republicanos e Democratas, imitando os dois blocos de poder americano e passaram a se acusar mutuamente disto ou daquilo. A opinião pública nunca era consultada, pois quem falava pela população era os institutos de pesquisas manipulados pela classe política, o que deixou tudo mais fácil ainda. A criminalidade foi logo percebida como um forte meio de fazer com que o governo se enfraquece-se a nível de confiabilidade e respeito, assim o contrabando de armas para alimentar o crime nas favelas e grupos que assaltavam bancos pelo interior foi uma realidade fácil de alimentar. Por traz de homens que desejavam apenas drogas e dinheiro, havia outros desejando o poder institucional de Estado e o domínio da nação.
: o Rap, o Rip-Rop, as festas reives, novelas com muitas passagens nos EUA e Europa, e a constante propaganda de que os EUA era uma maravilha! Os próprios políticos deram todos os meios para tal domínio, quando da divisão em direita e esquerda dos partidos esquentou nos anos 80, na década de 2000 apareceu a mudança de nomes de alguns partidos e se dividiram em Republicanos e Democratas, imitando os dois blocos de poder americano e passaram a se acusar mutuamente disto ou daquilo. A opinião pública nunca era consultada, pois quem falava pela população era os institutos de pesquisas manipulados pela classe política, o que deixou tudo mais fácil ainda. A criminalidade foi logo percebida como um forte meio de fazer com que o governo se enfraquece-se a nível de confiabilidade e respeito, assim o contrabando de armas para alimentar o crime nas favelas e grupos que assaltavam bancos pelo interior foi uma realidade fácil de alimentar. Por traz de homens que desejavam apenas drogas e dinheiro, havia outros desejando o poder institucional de Estado e o domínio da nação.
Juntando-se a este problema, houve outro, um mapa-múndi já existia onde apresentava áreas perigosas e as que deveriam ser mantidas sob observação – o Brasil era o caso, para os dois tipos de Guerra¹. É interessante observar que a Amazônia e toda a parte mais ocidental do Brasil estão marcadas, como “zonas de mistura étnica” e, portanto, cenário potencial de guerra de consciência, como foi o caso da “Bósnia e da Somália” e foi uma das coisas que as agências alimentaram.
A população e os políticos realmente comprometidos com o país, além dos homens de boa fé, não perceberam o verdadeiro motivo das privatizações e de tanto banditismo, corrupção e o aparecimento de organizações criminosas bem estruturadas e armadas, devido a grande enxurrada de noticias diárias de tantas mazelas “os verdadeiros divisores de águas, nas relações humanas, raramente são percebidos no meio do tumulto de manchetes divulgadas a cada hora”. Neste momento, o embrião de domino futuro do Brasil estava plantado.
O povo precisava entender que as Forças Armadas existem para defender o Estado e não para defender governos ou apoiar políticos. Defrontamos de um lado, com problemas nacionais intratáveis e cientes, de outro lado, da existência de uma Força Armada capaz, experiente, madura e cheia de energia, foi muito fácil para os políticos seduzir a opinião pública fazendo com que o povo vise nela a única capaz de dar uma solução aceitável – assim, os políticos tiraram os melhores generais e comandantes de seus cargos e colocaram um ministro civil no comando (apedido das agencias), para fazer valer a vontade de Zé Chico (que teve sua reeleição bancada pelas mesmas agências) e sua gangue de congressistas. Nós cometemos um erro ao permitir a instalação destas agências e este ministro civil no comando.
A população brasileira tornou-se aborrecidos com a democracia liberal. Estavam desiludidos com a aparente falta de habilidade do governo eleito para resolver os dilemas nacionais. Estavam à procura de alguém ou de alguma coisa capaz de produzir respostas com que pudessem trabalhar. A única instituição do Governo, na qual o povo ainda tinha alguma fé, era a militar. Encorajados pela evidente competência dos militares em vários tipos de conflitos, o povo voltava-se, cada vez mais, para nós na busca de soluções para os problemas do país. Os brasileiros decidiram atribuir aos militares uma variedade de missões, não tradicionais, aumentando de forma assustadora seu comprometimento com o que outrora se classificava como tarefas auxiliares.
Embora não parecesse óbvio à época, o efeito cumulativo do exercício dessas novas atribuições foi incorporar os militares, de uma maneira sem precedente, ao processo político. Esses encargos adicionais tiveram, também, o efeito perverso de desviar o foco e os recursos das Forças Armadas da sua missão principal – treinar para o combate e combater. Finalmente, mudanças organizacionais, políticas e na sociedade serviram para alterar a cultura militar do Brasil. O militar de hoje não é o mesmo que conhecemos quando nos formamos combatentes em nossas respectivas escolas.
Explicarei a você como cheguei a esta conclusão. Em 2006, muito poucas pessoas poderiam pensar que um golpe de estado militar poderia dar certo, mas ninguém contava com o contrario deste golpe, ou seja um golpe político de estado governamental para tirar o poder das Forças Armadas. Com certeza havia excêntricos teóricos da conspiração capazes de ver a mão de um partido de esquerda cujo seus integrantes eram formados por presos ditos políticos – inclusive o próprio presidente e parte de seu ministério.
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N. A: “Pesquisa de alcance nacional da Indústria , revela que 96% não tem dúvidas de que, pelo que arrecada de impostos, o governo poderia prestar serviços melhores; 92% acham que os políticos ficam ricos com política. O mais intrigante dessa pesquisa é a assombração que ela põe à luz do dia: um quarto da população está convencida de que os serviços públicos são melhores em governos militares do que em regimes democráticos.” Coisas da Política – Marcelo Pontes. Jornal do Brasil, 03/05/93
Um golpe político partidário e não militar, seria por demais fantástico para ser contemplado, não somente porque poucos na época poderiam admitir a idéia, mas também porque a massa estava fortemente ligada ao sistema político existente e levantar-se-ia em defesa de seu líder político, mesmo que não gostasse dele, tamanho foi à engenhosidade dos políticos. O mal-estar estava facilmente visível em 2000, 78% dos brasileiros acreditavam que o país estava no “caminho errado”. Um pesquisador declarou que os indicadores sociais estavam no seu mais baixo nível nos últimos 20 anos e insistia que “alguma coisa estava frouxa na infra-estrutura social”. A nação estava frustrada e irada com seus problemas. O Brasil queria uma solução e o governo democraticamente não estava provendo. O país sofria de um profundo pessimismo com relação aos políticos e aos governos, depois de anos de promessas quebradas.
Diferentemente do resto do governo, os militares gozavam de notável e constantemente aumento de popularidade durante as décadas de 80 a 2015. E, em verdade, nós ganhamos a admiração do público. Quando nos formamos, as Forças Armadas tinha em seu escopo, homens inteligentes, bem educados e disciplinados de todas as classes. Enquanto a opinião publica dava baixas notas aos políticos - sem saber que tudo era um jogo de cartas marcadas e planejadas.
Definições relativas ao papel dos militares na sociedade começaram a mudar, a população começou a comparar a axiomática competência militar com a chicana e a inépcia de muitos dos cidadãos eleitos e acharam que não precisavam destes últimos.
A população passou a ver com insatisfação a atuação das instituições como as de saúde, infra-estrutura, saneamento, ciência e tecnologia, educação, trabalho e principalmente o da segurança pública. O Congresso aprovou a Lei relativa à cooperação dos militares com aquelas instituições civis. Ao fazê-lo, o Congresso tinha a intenção especifica de forças os comandantes militares relutantes a cooperar ativamente com as atividades civis, principalmente as de policia.
Não demorou muito para que os legisladores do século XXI estivessem clamando por maior envolvimento dos militares nas atividades policiais, o crime parecia estar fora de controle – e foi aí que entrei e me estrepei assim como todos nós. O povo de brasileiro estava horrorizado e desesperado: uma terceira vigilância jamais sonhada poderia ser justificada. O aumento da ilegalidade era visto como nada mais do que outro exemplo da inabilidade das lideranças políticas para cumprir o dever mais elementar de um governo – assegurar a segurança pública. O povo mais uma vez queria que nós os militares os ajudassem.
Em um ano e três meses, eliminamos todas as resistências criminosas e todas as organizações criminosas e foi quando pude perceber como tudo aquilo estava acontecendo, muitos criminosos tinham relações estreitas com políticos, aí, ficou fácil para nós descobrir-mos a verdade. Então veio o sinal de uma expansão nas funções de policia que começaram a vir à superfície. A inquietação com a criminalidade era uma razão muito importante para as ações das agências na visão do Presidente Zé Chico, para que seu plano desse certo.
Brasileiros de todas as idades tornaram-se dependentes dos militares, não somente para obter proteção como também cuidados médicos, educacionais, etc.
Como você sabe, não foram somente crises na segurança pública, nos cuidados médicos, na educação, que os militares foram chamados a resolve. Nós fomos também chamados para dirigir os reparos aos danos no meio-ambiente do país. As forças Armadas estavam profundamente envolvidas nestas lides e este envolvimento cresceu como um cogumelo. Uma vez que os militares mostraram sua capacitação no assunto, pouco demorou para que os problemas do meio ambiente fossem declarados “ameaças a segurança nacional” e de total responsabilidade das Forças Armadas.
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N. A: “O Coronel de Infantaria José E. de Carvalho Siqueira será o novo interventor federal na polícia Militar de Alagoas. Os Tenentes-Coronéis Adriano Pereira Junior e Túlio Cherem vão exercer funções de estado-maior naquela PM. A transferência do comendo da Polícia Militar de Alagoas para as mãos de três oficiais do Exército foi a fórmula encontrada para evitar a decretação da intervenção formal no Estado”. Jornal do Brasil, 06 e 09/07/93.
Quando os políticos golpearam as Forças Armadas nomeando um Ministro civil as Forças armadas e o seu poder se fragmentou, porque houve corte no seu orçamento e redução no quadro, tanto na administração como no quadro de combatentes, as fronteiras brasileiras se abriram, seus bens naturais passaram a ser bens comuns aos estrangeiros, sua floresta se internacionalizou e sua população se miscigenou fazendo perder sua identidade, costumes e tradições, a cultura brasileira se desfizera em prol da abertura geral de suas fronteiras e portos, sua Armada se despedaçou e se transformou em mera milícia armada, apenas para controle interno de todo tipo.
O golpe político partidário dos congressistas do Presidente Zé Chico funcionou. E o arrependimento dos oficiais por permiti-lo foi grande, mas tudo isso já estava para acontecer, o plano já estava esboçado quando nas eleições presidenciais o ex-presidente Raimundo Sobral no ano de 2004 e continuou com seu sucessor o presidente Zé Chico no ano 2010, que era seu ministro da casa civil, não devemos esquecer que todos eles eram ditos presos e perseguidos políticos de governos anteriores. Se foi vingança não saberemos, o fato é que isso custou não só a nossa população, mas também todo o nosso recurso mineral e vegetal, e o nosso desmembramento, já defendido em Haward desde 1990.
Quando em 2007 capturamos um líder criminoso estrangeiro chamado “Cássio Gusmani”, que estava se escondendo da policia universal e após interrogatório para saber quem deva cobertura a ele é que ficamos sabendo das ligações dele com os congressistas de Raimundo Sobral e Zé Chico e com as agências estrangeiras, sim estas agências estavam o tempo todo bancando as mudanças e incentivando a população a empurrar as Forças Armadas para este mal. Descobrimos que as agências estrangeiras estava por de traz da nomeação do Ministro civil como Ministro da Defesa e das eleições do ex-presidente Raimundo Sobral e do atual Zé Chico. Então resolvi seqüestrar alguns congressistas da base do governo e obtive a certeza. Bom, estes congressistas foram dados como desaparecidos e a culpa caiu sobre os criminosos por queima de arquivo. Após muita meditação e várias conferências com oficiais superiores e amigos da banda boa da política, resolvi abrir o bico, mandei relatórios aos comandantes e as comissões do Congresso, repudiando tudo o que nos foi atribuído, apoiando os oficias superiores que eram contra este sistema e imposição dos políticos, que jogaram tudo para cima das Forças Armadas, acabando com nossa missão precípua de defender o território e a soberania. Falei muito, tanto que muitos militares se revelaram ao meu lado. O resultado... Bom... O resultado é o motivo pelo qual lhe escrever esta carta.
Disse também que, transformaram as Forças Armadas em milícias e que não éramos pau mandado deste ou aquele dito soberano. Eu disse também aos nossos colegas, que a democracia é uma instituição frágil, que deve ser continuamente cuidada e escrupulosamente protegida, nem que para isso fosse necessário o uso da força e a suspensão dos diretos. Eu disse também, que eles devem protestar quando virem à instituição ameaçada: em verdade é nosso dever fazê-lo! E eu disse mais:
- Exijam que as Forças Armadas cuidem exclusivamente de atividades militares. Nós não devemos dispersar nossas energias fora das nossas responsabilidades de combater. Mandar tropas mal treinadas para a Guerra nos faz cúmplice de assassinato!
- A reestruturação das Forças Armadas e seu rearmamento com tecnologia de ponta além de aumento necessário de sua tropa com orçamento de sobra para investimento em tecnologia e equipamentos;
- cedam prontamente recursos orçamentários para órgãos governamentais a quem caiba cuidar dos assuntos não-militares. Não somos agencia de repressão a tóxicos, corpo de paz, departamento de educação, cruz vermelha ou similar – e nem devemos ser;
- Expurguem do orçamento da defesa as despesas de interpretação duvidosa. Custos com interdição ao tráfico de narcotráficos, limpeza ambiental, socorro humanitário e outros que possam afetar a capacidade de combater;
- Resistam à unificação das Forças Armadas, não somente por razões operacionais, mas também porque a unificação vai ser inimiga do controle e equilíbrio que sustenta os governos democráticos;
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N. A: “O Exército, que se recusou a ser capitão-do-mato dos fazendeiros donos de escravos fugitivos, recusou-se hoje a ser capanga de uma superpotência que não consegue mobilizar a sua juventude para projetos de vida que excluam os paraísos artificiais das drogas. Consta que o Presidente Fernando Collor estaria sendo submetido a fortes pressões norte-americanas para assinar, em Washington, acordos de combate ao narcotráfico nos moldes do que está em vigor com a Bolívia, o Peru e a Colômbia. Na Bolívia e no Peru esse acordo resultou em operação anticoca dos exércitos locais, sob comando de assessores militares norte-americanos. Os militares peruanos têm reagido a essas missões.” A agenda militar de Collor, Marcio Moreira Alves, Jornal do Brasil, 1991.
- Para as questões de segurança interna, que fosse criada uma Guarda Nacional, utilizando reservas das próprias Forças Armadas, com treinamentos específicos em segurança pública, evitando assim, conflitos de comando e operações de segurança entre tropas bem treinadas e equipadas;
- Que as Forças Armadas passem ter um Ministro militar e que seja rotativo o comando entre as três forças.
Por tudo que eu disse, é que encontrei vários militares de diversas patentes desolados com os fatos ocorridos e resolveram reagir, montamos um centro de SI/IVR clandestino e começamos a trabalhar para identificar o maior número de combatentes possível para fazer o que deveríamos ter feito na década de 90, além de identificar todos os conspiradores e arquitetos políticos do golpe, manipulados pelas agências e é claro, todos os agentes infiltrado. A todos o julgamento foi duro, mas a estes últimos o julgamento foi mais severo! Era um golpe? Não para nós. Mas era a retomada e a recolocação dos poderes do Estado em seu devido lugar, com homens verdadeiramente voltados as coletividades.
Bom, isso teve um preço e não foi barato. Mas sempre vale apena pagar o preço que for, quando se trata de defender a nossa casa, nossos pares, nossa terra. Fizemos o que tinha que ser feito. O resultado foi um gigantesco expurgo, mas necessário. A história nos revela que tudo que tiver que ser restaurado ou buscado a nível de Estado, tem um preço humano a ser pago! Além disso, em sua anterioridade tem as punições, julgamentos e sentenças, mesmo quando estamos do mesmo lado, juízes e réus, mas o exemplo deve ser mostrado e o corte na mesma carne é necessário. Aqui, os fins justificam os meios.
Ao militar falta em seu juramento de servir ao país, dele se manifestar quando vê civis ou seus superiores militares executando políticas que ele acha que estão erradas, que levem seu povo para o abismo do extermínio de tradições, cultura entre outros, os iraquianos, vietnamitas, panamenhos, entre outros, que o digam, países que tiveram seus territórios invadidos e sua população escravizada e subjugada, bens espoliados e pilhados.
Calazans, antes de seu julgamento estava errado quando subestimou o potencial dos militares para ameaçar a ordem civil, mas estava certo quando descreveu nossas responsabilidades. A catástrofe que acorreu durante nosso quarto de serviço aconteceu porque nós falhamos em protestar contra as políticas que sabíamos que estava errada.
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N. A: “... o mundo mudou, o Brasil mudou, o Exército mudou. As Forças Armadas Brasileiras padecem, de fato, de graves problemas “vocacionais” e orçamentários. Maiores que os problemas dos militares, no entanto, são os problemas imediatos do País. Este têm e devem continuar tendo prioridade.” Editorial “A prioridade militar”, O Estado de São Paulo, 12/03/93
N. A: O raciocínio de que, para as dimensões do Brasil, as Forças Armadas não estão superdimensionadas – o que se tomando outros países como comparação, é verdadeiro – não é a melhor forma de abordar o problema. Desde que os recursos sejam os mesmos, é melhor ter uma força menor, mas bem equipada e muito competente, do que grandes efetivos, com equipamentos obsoletos, sem instrução adequada, mal remunerada e, obviamente, ineficaz no campo de trabalho. “Como os recursos são limitados e há muitas outras prioridades urgentes, não há dúvidas quanto ao que é possível fazer.” O papel das Forças Armadas no novo contexto mundial – Armando A. F. Vidigal, Vice-Almirante, 05 e 06/1992.
¹ N. A - Os dois tipos de guerras e batalhas muito comum que são travadas nos últimos dois séculos são: Guerra de interesse (Panamá, Iraque, Bósnia, Afeganistão, etc) e a Guerra de consciência (Bósnia, Somália, Timor-Leste, etc), um caso especial é o caso da guerra da Somália que pode ser vista e entendida tanto como guerra de interesse como guerra de consciência.
É muito tarde para que eu possa fazer algo agora. Mas não é para você!
Lembranças,
Prisioneiro nº 1756A/20